O lobista Antonio Carlos Camilo Antunes, conhecido como Careca do INSS, passou a ser cobrado na Justiça após dar calote na Arena BRB Mané Garrincha.
Considerado um dos principais operadores do esquema de descontos indevidos da Previdência, revelado pelo Metrópoles, o Careca do INSS alugava um camarote no estádio desde fevereiro de 2023. Em maio deste ano (mês seguinte à Operação Sem Desconto, da Polícia Federal), ele deixou de pagar o aluguel do espaço e concordou em rescindir o contrato, que iria até fevereiro de 2027, antecipadamente. Agora, é cobrado na Justiça por uma dívida de R$ 60,7 mil.
A ação foi protocolada no último dia 10 pela Arena BRB contra o Careca do INSS e a Prospect Consultoria Empresarial, empresa do lobista que foi usada para repassar propina a integrantes do INSS. O valor total da cobrança se refere a R$ 11.464,36 de mensalidade em aberto, R$ 13.757,64 e R$ 33.566,67 da multa contratual em razão da rescisão antecipada. A dívida foi corrigida pela inflação.
O camarote do Careca do INSS era o de número 309. O espaço fica na ala sul do estádio, atrás do gol. O lobista pagava R$ 11.188,89 por mês de aluguel.
Lobista bancou camarotes para autoridades do INSS e da Previdência
Em junho, a coluna revelou que o Careca do INSS bancou camarotes no show do Red Hot Chilli Peppers, em Brasília, para autoridades do INSS e do Ministério da Previdência Social. Entre os participantes, estava o atual secretário-executivo da pasta, Adroaldo Portal (PDT) – que, oito meses antes do evento, abriu a porta de seu gabinete no ministério para o lobista.
O show ocorreu em 7 de novembro de 2023, na Arena BRB Mané Garrincha. Foi a primeira apresentação do Red Hot Chilli Peppers na capital federal, em 40 anos da banda. A presença de autoridades do INSS e do Ministério da Previdência no espaço foi confirmada por Adroaldo Portal. Ele também assegurou a companhia do Careca do INSS no camarote, mas alegou desconhecer, porém, que ele bancou os ingressos. A coluna apurou que um camarote com 50 convidados custa cerca de R$ 50 mil, fora o custo de aluguel do espaço.
“Eu recebi o convite do INSS. Foram distribuídos alguns convites, e eu recebi”, explicou Adroaldo Portal, em conversa com a coluna. À época do show, ele era secretário do Regime Geral de Previdência Social. “Era um procedimento até então relativamente comum: distribuição de convites. E eu fui sim. E eu não sei te dizer a procedência do custeio do convite”, prosseguiu o secretário-executivo.
Procurado, o INSS informou que o recebimento de presentes, ingressos, ou qualquer vantagem é proibido a qualquer servidor público, por força da lei de conflitos de interesse (Lei 12.813/2013). “O INSS reafirma seu compromisso com a probidade administrativa, caso algum servidor ou dirigente tenha ferido tal dever, deverá ser responsabilizado com a penalidade exposta na lei, demissão”, assinalou. O Ministério da Previdência, por sua vez, não se manifestou.
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